O Ministério da Saúde está vinculando na mídia uma vinheta sobre a importância da saúde masculina, em função dos descuidos e negligência dos mesmos quanto à busca de auxílio médico e serviços de saúde. O assunto vem sendo estudado e pesquisado pela academia (GOMES, 2003; BRAZ, 2005; SCHRAIBER, GOMES, COUTO, 2005; SOUZA, 2005; GOMES, NASCIMENTO, 2006. GOMES, NASCIMENTO, ARAÚJO, 2007) com o intuito de alertar os próprios homens e o governo para tal tema e a conseqüente relação existente entre a masculinidade e/ou o homem e a negligência com a saúde.
Alguns autores (GOMES, 2003; SOUZA, 2005) iniciam a discussão trazendo a questão da constituição da subjetividade masculina e as questões ligadas ao próprio gênero. Mais do que isso, trazem como exemplos, o comportamento dos homens e a maneira como os meninos são socializados desde a infância em aspectos como emoção - exclusão de sentimentos-, virilidade - dureza, mostra-se forte sempre -, invulnerabilidade, etc., podendo estar relacionada a uma necessidade do cuidar de si - movimento desconsiderado no mundo masculino -, conforme trazido pelos autores, principalmente no que tange à busca dos homens pela masculinidade hegemônica - impossível de ser alcançada.
Ainda como ponto a respeito dessa pouca atenção pelos homens na procura por serviços de saúde GOMES, NASCIMENTO, ARAÚJO (2007, p.568) numa pesquisa realizada com 28 homens, dentre eles homens de baixa escolaridade e nível superior, descrevem que "As explicações elaboradas pelos entrevistados giram em torno de um único eixo estruturante: papéis a serem desempenhados para que se ateste a identidade de ser masculino. Nesse sentido, a procura por serviços de saúde se encontra intimamente relacionada ao que se entende por ser homem." Outros pontos abordados nessa mesma pesquisa, conforme trazidos pelos homens foi o medo de descobrir serem portadores de uma doença grave e por conta disso protegem-se; além da exibição de seus corpos, etc.
Com relação ao assunto em pauta, Laureti (1998 apud Schraiber et. al., 2005, p. 10) declara sobre os problemas relacionados ao câncer de pulmão e da próstata. No tocante ao câncer de pulmão, salienta que as implicações por não procurarem auxilio médico nessa área quanto ao consumo de cigarro é decorrente pela maior procura dos homens ao mesmo e, mais ainda, "o enfoque de gênero quanto ao câncer de próstata representaria uma contribuição importante no entendimento das barreiras culturais dos homens, ao mesmo tempo em que subsidiaria a formulação de programas e campanhas melhores".
Percebe-se então uma forte relação entre a questão da socialização masculina e a desonsideração quanto à busca dos serviços de saúde para uma melhor qualidade de vida, mais ainda, uma conscientização relacionada aos seus hábitos de vida e a relação com seu corpo; a necessidade maior de pesquisas sobre o assunto e programas de conscientização para os homens, haja vista, a própria vinheta - exposta abaixo - demonstrar uma preocupação do Ministério da Saúde para com o assunto e, um alerta para que nós homens preocupemo-nos e busquemos os serviços de saúde para vivermos por mais tempo e melhor, ao refletir sobre os números apontados na mesma e a realidade da questão.
REFERÊNCIAS:
BRAZ, Marlene. A construção da subjetividade masculina e seu impacto sobre a saúde do homem: reflexão bioética sobre justiça distributiva. Ciênc. saúde coletiva vol.10 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2005. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232005000100016&script=sci_arttext>. Acesso em 05 nov. 2009.
ROMEU, Gomes. Sexualidade masculina e saúde do homem: proposta para uma discussão. Ciênc. saúde coletiva vol.8 no.3 São Paulo 2003. Disponível em; <http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232003000300017&script=sci_arttext>. Acesso em 05 nov. 2009.
ROMEU, Gomes; NASCIMENTO, Elaine Ferreira do. A produção do conhecimento da saúde pública sobre a relação homem-saúde: uma revisão bibliográfica. Cad. Saúde Pública vol.22 no.5 Rio de Janeiro May 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X2006000500003&script=sci_arttext&tlng=pt >. Acesso em 05 nov. 2009.
ROMEU, Gomes; NASCIMENTO, Elaine Ferreira do;ARAUJO, Fábio Carvalho de. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública [online]. 2007, vol.23, n.3, pp. 565-574. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X2007000300015&script=sci_abstract&tlng=pt >. Acesso em 05 nov. 2009.
SCHRAIBER, Lília Blima;GOMES, Romeu; COUTO, Márcia Thereza. Homens e saúde na pauta da Saúde Coletiva. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2005, vol.10, n.1, pp. 7-17. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-81232005000100002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em 05 nov. 2009.
SOUZA, Edinilsa Ramos de. Masculinidade e violência no Brasil: contribuições para a reflexão no campo da saúde. Ciênc. saúde coletiva vol.10 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232005000100012&script=sci_arttext&tlng=pt >. Acesso em 05 nov. 2009.
Aurivar Fernandes Filho (05/11/2009).
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