domingo, 17 de janeiro de 2010

O PEQUENO PRÍNCIPE E A CONTEMPORANEIDADE



Pensar no modo como as pessoas vêem umas as outras e o valor que temos para os outros fazem-me refletir sobre o imediatismo imperante da atualidade (agora, não posso esperar, não tenho tempo, etc.) e o que "temos" como referencial. Assim, lendo o livro O Pequeno Príncipe - recomendo a todos que o leiam, com a finalidade de valorizarem as coisas simples e puras da vida -, deparei-me com a frase daquele que conheceu o pequeno príncipe:








"Se lhes dou esses detalhes... e elhes cnfio o seu número, é por causa das pessoas grandes. Elas adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente é. Não perguntam nunca: ' Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas' Mas perguntam: 'Qual é a sua idade?Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?' Somente assim é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: 'Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado...', elas nao conseguem, de modo algum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: 'Vi uma casa de seiscentos mil reais'. Então elas exclamam: 'Que beleza!'" (SAINT-EXUPÉRY, 2006, p. 19-20).









Isso nos faz pensar na atenção exacerbada que damos aos números; mais do que isso, o significado da beleza e a inversão de valores os quais estão à nossa volta. Logicamente não podemos deixar de pensar que as pessoas grandes das quais o autor cita e as questões ligadas à amizade, dizem respeito também a preocupação com os amigos e a influência deste na vida dos filhos - numa leitura ao pé da letra -, porém, a visão a ser ampliada sobre o tema em questão, remete-nos a um olhar simbólico das palavras - e por que não literal? - haja vista serem as coisas simples que no período da infância (fantasia, simplicidade, lúdico, sonhos, etc) deixamos para trás com o amadurecimento.







Ainda assim, pensar na atualidade e no período pós-moderno - e aí cito Bauman com a liquidez das coisas (vida, modernidade e amor) - no qual os modelos e tudo aquilo no qual podemos referenciar-nos são escorregadios demais para serem considerados fixos ou firmes o suficientes como continentes a fim de tornarem nossos modelos ou guias. Com isso, essa mesma fluídez revela-nos as palavras encontradas no mesmo livro: " Os homens não tem mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas" (p.69). Há uma referência constante das pessoas quanto à falta de tempo e à correria do dia-a-dia!! E serve como ponto de reflexão para nós mesmos com relação ao que temos feito do nosso tempo e ao qu estamos oferecendo nossas horas de trabalho, intervalos e descanso: PARA QUE OU PARA QUEM?


Com isso, deixo como pensamento, as palavras da raposa direcionadas ao pequeno príncipe no início de uma amizade e o tempo que precisa para que esta se desenvolva:




"SE TU VENS, POR EXEMPLO, ÀS QUATRO HORAS DA TARDE, DESDE AS TRÊS EU COMEÇAREI A SER FELIZ"



Fonte: SAINT-EXUPÉRY, Antonie de. O pequeno príncipe. Tradução de Dom Marcos Barbosa. Rio de Janeiro: Agir, 2006.

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